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Opinião
PROF. DR. PAULO CESAR NAOUM
Professor Titular pela UNESP
Diretor da Academia de Ciência e Tecnologia,
Acadêmico da ARLC
a.c.t@terra.com.br
Mundo paralelo

O desenvolvimento da inteligência de morcegos passaram a contaminar seus e depressivos. Através desta forma insana de
humana nos levou a crer que o mundo foi comensais humanos, causando-lhes a doença viver, estamos atrofiando o maior diferencial
feito exclusivamente para o bem estar da do coronavirus 19 (covid19). Desequilíbrios das que possuímos em relação às outras espécies,
nossa espécie. Céu, montanhas, rios, mares biodiversidades e dos ecossistemas passaram a nossa inteligência. Temos uma mórbida
e florestas passaram a ser degradados a ocorrer no momento em que a inteligência obsessão em destruir o que levou milhares
para satisfazerem nossos variados tipos humana desviou de sua evolução natural de anos para ser construído. Ricos e pobres,
de consumos. Soberbamente esquecemos para satisfazer os egoísmos de seus prazeres. cultos e incultos, continuam devastando matas,
que outras milhões de espécies convivem Contudo, não se pode penalizar apenas os rios e encostas de montanhas, mostrando que
conosco e também buscam seus espaços. comportamentos contemporâneos, pois a ignorância não tem status. Destruímos também
Ao nos considerarmos a espécie suprema eles se somaram as práticas depredatórias boa parte da camada de ozônio e elevamos
da Terra passamos a desconsiderar a seculares. Ao criarmos um mundo imaginário as temperaturas climáticas que passaram a
biodiversidade dos seres não humanos, ideal nos últimos cinquenta anos, esquecemos derreter as geleiras nos dois polos da terra.
incluindo microrganismos e plantas. de exercitar um dos nossos mais lúcidos Conquistamos a capacidade de nos transportar
Criamos conceitos, leis e regras que sentimentos da humanidade, a contemplação. de um continente a outro em poucas horas. De
sistematicamente nos permitem devassar Deixamos de influenciar os comandos dos lotar hotéis, praças, calçadas, onibus, trens,
os espaços de outros bichos e seus habitats, nossos entornos e os delegamos aos cuidados aviões, bares e restaurantes, e neles espalhar
quer sejam eles grandes, pequenos ou de políticos com qualidades comportamentais microrganismos próprios de cada região de
microscópicos. Não adiantou nada a e administrativas duvidosas. Da mesma forma, onde provieram os viajantes, democratizando
domesticação e a criação de animais para o deixamos de pensar, manifestar e concluir, e a perversidade das contaminações. O desprezo
nosso consumo alimentar iniciadas há mais de os transferimos estes incômodos exercícios pela higiene pessoal e o descuido com a
10 mil anos, pois continuamos a caçar aqueles mentais para jornalistas-comentaristas de limpeza ambiental sempre estarão nos levando
a quem denominamos por selvagens, quer seja TVs e emissoras de rádios que nos assustam ao medo de outras pandemias. Diante do que
por buscas de paladares diferenciados, para com suas ignorâncias e nos aterrorizam foi exposto, pergunto:
matar a fome, ou como prática de consumo continuamente. Abandonamos o prazer de - De que valeu a evolução nos ter dado
cultural. Foi justamente através desta última criar e passamos a usar as coisas prontas, que a inteligência, se nos tornamos insensatos,
razão que vírus acomodados em vísceras nos tem deixado preguiçosos, obesos, doentes exatamente por não saber usa-la?

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